Doce infância
Lembro-me bem de como era o sabor da minha infância, doce e amarga.
Correndo nas ruas, caía e me machucava, mas sempre levantava com um sorriso no
rosto e voltava a correr, pois sabia que dali a um tempo melhoraria.
A vida era bem mais simples, nada se complicava, só sentia alegria da
liberdade solta sobre mim. Doce como o gosto da bala que eu sempre comprava no
mercado da esquina, a inocência me consumia. De longe eu ouvia minha vó falar
“filha, tá na hora do jantar”, e ia correndo comer só para ver a sobremesa
chegar.
Depois da janta, eu sabia que era hora de descansar, mas tinha certeza de
que, por mais que eu envelhecesse, no amanhecer do dia, ao meu despertar, iria
me lembrar de como era doce minha infância. De panelinha na cabana de lençol,
eu passava as tardes brincando sem me importar com a maldade do mundo que me
perseguia, tentando tirar o doce gosto de infância que me restava.
Agora, crescida, não esqueci do sabor que era acordar como criança,
cantarolando, dançando e pulando, querendo ser adulto... mesmo que, sem querer,
me encontre chorando por ser um.
Sua crônica conduz nosso olhar para um período marcante e inesquecível da trajetória humana... para aonde nossas memórias teimam em "fugir' ou se "refugiar"... Lindo e tocante texto! Parabéns!
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